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Mostrando postagens de maio, 2020

Ditão: um herói caído do boxe brasileiro

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Há exatos 96 anos, dia 11 de maio de 1924, o boxe brasileiro vivia uma das maiores de suas tragédias. O esporte ainda engatinhava no Brasil, com raros treinadores, pouquíssimos boxeadores, sem federações ou órgãos controladores. O soldado da Força Pública Benedicto dos Santos, conhecido como Ditão, enfrentou nesta data o italiano Ermínio Spalla. Ditão era um pugilista negro de físico impressionante, alto, musculoso, forte e corajoso. Em poucos meses de profissionalismo venceu com grande facilidade três adversários, nocauteando todos em São Paulo. Em sua segunda luta, enfrentou um tcheco com dezenas de vitórias na Europa, e o nocauteou no segundo round. A série de vitórias por nocaute impressionou o público e fez com que seus treinadores e empresários se empolgassem com a possibilidade de fazer o primeiro campeão do mundo brasileiro. Estamos em 1924, lembrem-se. Com apenas três lutas de experiência, Ditão foi colocado à frente de Erminio Spalla, italiano campeão europeu com m...

Bill Richmond e o surgimento da esquiva

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Bill Richmond nasceu escravo em Nova York em 1763. Começou a praticar boxe (ou algo que se parecia com boxe) ainda nos portos de Nova York, cidade onde os pretos tinham costume de lutar entre si, como num jogo de vadiagem. Com 14 anos se envolveu em uma briga com três homens brancos. Apesar de ser bem menor, Richmond espancou todos os três, chamando atenção por suas esquivas durante a briga. Um nobre inglês que assistiu a briga ficou impressionado e resolveu levar o adolescen te consigo para a Inglaterra, libertando-o. Lá, apesar de nunca ter treinado oficialmente numa academia de boxe, Richmond passou a enfrentar e vencer boxeadores maiores e mais experientes. Seu grande segredo eram as esquivas, movimentos rápidos de corpo que desenvolveu juntos a outros pretos de Nova York. Àquela época, início dos anos 1800, esquivas e bloqueios não faziam parte do 'jogo' do boxe, uma vez que era sinônimo de fraqueza evitar um golpe. A guarda era praticamente inexistente e evitar...

1986: primeira medalha brasileira em Campeonato Mundial Amador

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Você sabia que o Brasil conquistou sua primeira medalha em Campeonato Mundial Amador em 1986, em Reno? Foi um bronze alcançado pelo paulista Hamilton Rodrigues 'Esquilo', na categoria até 48 kg. Na primeira rodada Hamilton venceu o forte representante dos Estados Unidos, Brian Lonon. Nas quartas-de-final o brasileiro superou Yehuda Ben Haim, de Israel. Já na semi-final perdeu por pontos para o cubano Juan Torres Odelin, que sagraria-se campeão mundial naquele ano. Após a conquista de Hamilton o Brasil ficaria 25 anos sem pegar medalhas em mundiais adultos, já que voltou a subir no pódio apenas em 2011 com Everton Lopes e Esquiva Falcão. - Por Breno Macedo Mestre em História do Boxe - USP

Ibirapuera e Éder Jofre 'estreiaram' juntos

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Você sabia que o Ginásio do Ibirapuera e Eder Jofre 'estreiaram' juntos?  Eder fez sua estreia no boxe profissional em março de 1957, no primeiro evento de boxe que houve no Ibirapuera, que foi inaugurado em janeiro daquele ano. O Ibirapuera tornou-se casa do boxe brasileiro nos anos 50, 60, 70 e 80, com quase 300 reuniões de boxe profissional em sua história. - Por Breno Macedo Mestre em História do Boxe - USP

Cuba não tem campeão olímpico meio-pesado!

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Você sabia que a única categoria de peso em que Cuba nunca fez um campeão olímpico é a meio-pesado (81 kg)?  Nesta divisão o país conta “apenas” com duas medalhas de prata (Gilberto Carrilo 1972 e Sixto Soria 1976). Sixto Soria foi derrotado na disputa pelo ouro pelo norte-americano Leon Spkins, que se tornaria famoso no profissionalismo por derrotar Muhammad Ali. O Brasil ajudou a mant er esta má sorte dos cubanos na divisão, quando em 2012 o brasileiro Yamaguchi Falcão derrotou o então campeão mundial Julio Cesar de La Cruz na disputa da medalha de Bronze. De La Cruz era o favorito, já que fora eleito o melhor boxeador do mundo em 2011, mas o brasileiro conseguiu a vitória e manteve a má tradição cubana da categoria dos meio-pesados. Na foto aparece a imagem de Sixto Soria sendo nocauteado por Leon Spinks na final olímpica de 1976 e deixando escapar a medalha de ouro. - Por Breno Macedo Mestre em História do Boxe - USP PS - o texto foi escrito em 2013. Em 2016, Cuba ...

Carlos Monzón derrotado por um brasileiro

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Você sabia que Carlos Monzón, o maior nome do Boxe argentino e lenda do Boxe mundial, já foi derrotado por um brasileiro?  O responsável por esta feita foi Felipe Cambeiro, espanhol naturalizado brasileiro, em 1964. Monzón estava no começo de sua carreira, com 12 lutas, e sofreu três quedas durante o combate. A luta foi realizada no Rio de Janeiro, mesmo local onde ocorreu a revanche um ano depois,  desta vez vencida por pontos por Monzón. Carlos Monzón se tornaria o maior nome entre os pesos médios dos anos 1970, ficando sem perder uma luta de 1964 a 1977, onde realizou 80 combates, com 71 vitórias e 9 empates. Já Cambeiro infelizmente não obteve o mesmo sucesso e nunca chegou a disputar o título mundial. - Por Breno Macedo Mestre em História do Boxe - USP

Porque não falamos sobre Gaúcho?

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Luiz Campos Soares, o popular Gaúcho, foi um dos principais personagens do boxe brasileiro entre as décadas de 1930 e 1970. Foi amador do Flamengo nos anos 30, chegando inclusive a representar o Brasil no Sulamericano de 1935 em Córdoba, Argentina. Como profissional, foi campeão brasileiro dos pesados e protagonizou a luta estrelar da inauguração do Ginásio do Paca embu, em 1940, quando venceu o português Antonio Soares. Passou a atuar como treinador em 1945, quando foi contratado pelo Corinthians, clube que permaneceu até o final da década de 1970, formando inúmeros pugilistas. Foi o treinador responsável pelo time brasileiro nas Olimpíadas de Helsinki, em 1952, na Finlândia, dentre outras competições internacionais. Um de seus últimos pupilos foi João Mendonça, campeão brasileiro e sul-americano dos super welters em 1977, que chegou a acumular 20 lutas e 20 vitórias. Entretanto, pouco ouvimos falar de Gaúcho, seja de seus feitos como boxeador ou como treinador. Coincidentemen...

80 anos do Pacaembu

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No dia 28 de abril de 1940, há exatamente 80 anos, acontecia a primeira rodada de boxe no Ginásio Municipal do Pacaembu. Era o segundo dia de festividade de inauguração do Estádio Municipal e naquele domingo , além das lutas de boxe, ocorreram no Pacaembu provas de esgrima, natação, salto ornamental e basquete. Naquele longínquo abril de 1940, o boxe paulista tentava sair de uma crise que já dura va cinco anos. Desde o fechamento do Estádio Paulista, no final de 1934, o público pugilístico não tinha onde assistir lutas e campeonatos de forma regular. Foram cinco anos com pouquíssimos eventos, fase que levou muitas pessoas a decretarem a "falência do boxe paulista". No Rio de Janeiro, capital federal, o boxe fervia nessa época, com programações semanais. A inauguração do Ginásio do Pacaembu deu um novo gás ao boxe paulista, já que agora o pugilismo tinha "uma casa" na cidade. O Boxe em São Paulo não morreu como anunciavam, muito pelo contrário. Eventos prof...