Porque não falamos sobre Gaúcho?




Luiz Campos Soares, o popular Gaúcho, foi um dos principais personagens do boxe brasileiro entre as décadas de 1930 e 1970.

Foi amador do Flamengo nos anos 30, chegando inclusive a representar o Brasil no Sulamericano de 1935 em Córdoba, Argentina. Como profissional, foi campeão brasileiro dos pesados e protagonizou a luta estrelar da inauguração do Ginásio do Pacaembu, em 1940, quando venceu o português Antonio Soares.

Passou a atuar como treinador em 1945, quando foi contratado pelo Corinthians, clube que permaneceu até o final da década de 1970, formando inúmeros pugilistas. Foi o treinador responsável pelo time brasileiro nas Olimpíadas de Helsinki, em 1952, na Finlândia, dentre outras competições internacionais. Um de seus últimos pupilos foi João Mendonça, campeão brasileiro e sul-americano dos super welters em 1977, que chegou a acumular 20 lutas e 20 vitórias.

Entretanto, pouco ouvimos falar de Gaúcho, seja de seus feitos como boxeador ou como treinador. Coincidentemente, Gaúcho é o único treinador negro de destaque dos anos 1940 e 1950, época onde alcançou seu auge como técnico. Outros preparadores da época, como Kid Jofre e Waldemar Zumbano, são constantemente citados por memorialistas da comunidade boxística, sem que Gaúcho receba a mesma atenção.


Seria o racismo estrutural o responsável pelo esquecimento de Gaúcho? O racismo invisível, que nos induz a lembrar de pessoas negras em posições subalternas, seria o responsável pelo apagamento da trajetória de Gaúcho no boxe brasileiro?


Fica no ar essa pergunta, mas também uma mensagem: lembremos da grandeza de Gaúcho!


-
Por Breno Macedo
Mestre em História do Boxe - USP

Comentários

Mais lidos

Ditão: um herói caído do boxe brasileiro

Gibi, entre o boxe e a vida marginal.

Descanse em Paz Newton Campos

Bill Richmond e o surgimento da esquiva

Resposta a quem diz que Boxe não é esporte