Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2021

Você sabia que um marinheiro inglês foi o primeiro a lutar boxe no Brasil?

Imagem
Os primeiros combates públicos que se tem registro em solo brasileiro foram protagonizados por marinheiros estrangeiros, estadunidenses ou europeus. Jack Hare, um marinheiro baixinho (1,57 m) nascido em Londres, fez a primeira luta de boxe que se tem registro no Brasil, no Rio de Janeiro em 1894, enfrentando Ernie Studell, outro estrangeiro de origem desconhecida. Além da sua única luta no Brasil, o marinheiro inglês combateu em muitas outras partes do mundo durante sua carreira: Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, França, África do Sul, Japão, Índia, Egito, Canadá... Observar por onde boxeou Jack Hare entre o final do século XIX e começo do século XX é observar como os trabalhadores marítimos foram responsáveis pela expansão do boxe pelo mundo. Algumas dessas lutas inclusive aconteciam em alto-mar, dentro das embarcações. Porém, apesar de popularizar e difundir o boxe por onde passavam, estes pugilistas marinheiros não se estabeleciam onde lutavam, retomando a vida de ‘cigano dos m...

O rei negro sem coroa

Imagem
O rei negro sem coroa Nesta data, dia 12 de janeiro, em 1957, falecia aos 72 anos um dos maiores boxeadores da história. Sam Langford é apontado por muitos especialistas como um dos melhores pugilistas que já existiu, embora nunca tenha tido sequer a oportunidade de ter lutado pelo título do mundo, muito menos ter conquistado um.  Tal injustiça ocorreu pelo fato de Langford ser negro, e à época em que competiu (entre 1902 e 1926), e principalmente durante seu ápice esportivo, o apartheid racial ainda prevalecia fortemente no boxe.  Africano em diáspora, Langford nasceu no Canadá em 1883. Adolescente, mudou-se para Boston, nos Estados Unidos, onde começou a praticar boxe com 15 anos de idade. Relativamente baixo (1,71m), Langford lutou constantemente com boxeadores maiores e mais pesados, passando pelas categorias dos leves até os pesos-pesados. Seu cartel final foi de 252 lutas profissionais, com 178 vitórias, 29 derrotas e 38 empates. Impressionante. Entretanto, tal trajetóri...

Oremos pelos que partem. Olhemos pelos que ficam.

Imagem
Oremos pelos que partem. Olhemos pelos que ficam. Ontem fiquei sabendo pelo Facebook do falecimento de uma importante figura do boxe brasileiro, Oswaldo Zuanella, o Branco. Sempre via o Branco nas competições da Federação Paulista, era chefe de arbitragem e braço-direito do seo Newton Campos desde que me conheço por gente. Sempre me tratava com carinho e respeito, tivemos boas conversas e fiquei muito chateado ao saber da sua morte. Resolvi hoje ligar para o seo Newton, que completou 95 anos agora em 2020, para conversar um pouco sobre o Branco. Queria pegar algumas informações para prestar uma pequena homenagem em forma de texto ao renomado árbitro. Entretanto, quando falei ao seo Newton sobre o falecimento do Branco, que durante décadas foi seu grande parceiro de trabalho, recebi como resposta uma dolorosa indagação: "O Branco morreu?! E ninguém me avisou?! Não acredito...". Fiquei sem palavras. Senti pesar a voz do velhinho.... Poxa, o amigo morreu e ninguém lhe ligou. Jus...

Boxeadores sem rosto, treinadores sem feições

Imagem
Durante minha longa pesquisa sobre o boxe brasileiro da década de 1930, tive muita dificuldade em encontrar boas imagens. Boxeadores sem rosto, treinadores sem feições, lutas sem registros fotográficos eram a regra. Porém, um dia me surgiu uma imagem que me tocou, imagem publicada num jornal carioca em 1938. Um dos principais treinadores do país, o italiano Caverzasio, aparecia junto a um dos seus pupilos, chamado Loffredinho. O mestre posa junto ao seu discípulo em uma posição tradicional no mundo do boxe: pugilista sentado no banquinho com o seu treinador na retaguarda, como se o incentivasse ou o orientasse para o combate. O sorriso do pugilista destoa do momento pré-combate sugerido. Dizem que Loffredinho era um cara vaidoso, bonito, boêmio. Seu retrato com luvas de boxe não podia ser diferente: feliz, alegre, mesmo pronto para sair na porrada. Já o rosto de Caverzasio praticamente não pode ser visto. Somente sua posição, sua postura de quem transmite forças ao seu pupilo. Tal como...

Box ao Alcance de Todos

Imagem
  Waldemar Zumbano é, sem dúvida, o personagem do boxe brasileiro que mais me inspira. Foi boxeador (e dos bons), treinador vencedor, árbitro, dirigente, pesquisador do boxe. Seu livro "Box ao alcance de todos" é um manual escrito em 1951, lançado com o objetivo de socializar seu conhecimento sobre pugilismo. Zumbano atuou em praticamente todas as esferas do boxe, seja dentro ou fora dos Ringues, tal como tento fazer nas minhas ações. Além de tudo, Waldemar era um militante antifascista, como eu. Fez parte da "Brigada de Choque" da Juventude Comunista nos anos 1930, pegando em armas contra a ditadura de Getúlio Vargas. Waldemar Zumbano me inspira! P.S. Hoje me chegou pelo correio essa relíquia, publicação original com quase 70 anos de idade. Viva!   Rio Claro, 22 de abri l de 2020