Gibi, entre o boxe e a vida marginal.

Sebastião Ladislao, o Gibi, foi um dos personagens mais curiosos do boxe brasileiro. O pugilista tinha o costume de fumar maconha no vestiário antes das lutas, bebia muito álcool, passava noites em claro na véspera de lutas importantes, e mesmo assim conquistava grandes resultados. Foi campeão paulista e brasileiro como amador, época que era treinado por Kid Jofre no São Paulo FC, no início da década de 1950. Sebastião Ladislao era um rapaz nascido e crescido no meio da malandragem do centro de São Paulo, região conhecida como a 'Boca do Lixo' naqueles anos.


Gibi vinha de uma realidade de violência, criminalidade e abuso de drogas, com pouquíssimas oportunidades, mas conseguiu se adaptar de tal maneira que transformou-se em um atleta de renome. Gibi saiu das ruas e foi direto para os ringues. Ou talvez nunca tenha saído das ruas, mesmo enquanto ainda brilhava nos ringues. Profissionalizou-se em 1953  e conquistou o título de campeão brasileiro dos leves em 1955, ao vencer o grande Kaled Curi. Boxeou profissionalmente até 1961, tendo feito 37 lutas (16V-13D-8E).

Infelizmente, assim que se aposentou aos 30 anos, Gibi voltou com força total à vida marginal, tendo protagonizado dezenas de cenas de confusões, brigas, roubos, facadas, detenções, até ser morto a tiros em 1969, aos 38 anos. Foi através do boxe que o malandro do Centrão conseguiu dar um pouco mais de longevidade à sua vida, já que manteve-se minimamente "nos trilhos" enquanto era atleta, apesar de ainda beber, fumar e curtir a noite. Assim que afastou-se do boxe, Gibi entrou para as estatísticas do país: preto, pobre, jovem (38 anos), assassinado de forma violenta. Agora resta saber se foi Gibi que afastou-se do boxe, ou se foi o Boxe que fechou as portas para mais um ex-boxeador, como é tão comum acontecer em nosso país.

A trajetória de Gibi é um retrato do Brasil.

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Gibi é um dos personagens principais da minha pesquisa de mestrado, pesquisa esta que estou reescrevendo para ser lançada em livro em breve. Viva Gibi! Viva o boxe brasileiro e seus personagens!


Pesquisa e texto: Breno Macedo
Mestre em História Social do Boxe - USP

Comentários

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